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Centro de Conciliação é implantado em Alto Araguaia


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Centro de Conciliação é implantado em Alto Araguaia
Moradores antigos e acostumados com as águas atestam que nível baixou consideravelmente nos últimos anos. Prefeitura quer diálogo com proprietários de áreas rurais para promover programa de recuperação para salvar o córrego Alto Araguaia, MT - Do alto se vê a destruição do cerrado. Pedaços verdes manchados de vermelho. O que já foi floresta deu lugar a campos de pastagem e plantações. O cenário foi detectado depois de um sobrevoo, visitas por terra e água da nascente até o local onde o Córrego Gordura se encontra com o Boiadeiro, dois importantes afluentes do Rio Araguaia. O que restou da mata é uma estreita faixa verde e porções de floresta por onde correm suas águas, responsáveis por saciar a sede de milhares de pessoas na cidade de Alto Araguaia, situada no Sul de Mato Grosso. O cinturão verde se transformou numa 'colcha de retalhos'. O cerrado e sua biodiversidade pedem socorro. [caption id="attachment_29223" align="alignleft" width="220"]DSC_0153 Clarões às margens do córrego mostram que a mata ciliar foi derrubada. Ação contribui para assoreamento[/caption] Durante 15 dias, técnicos da Secretaria Municipal de Meio Ambiente e Desenvolvimento Urbano, da Divisão de Água e Esgoto (DIVAES), ambos ligados à prefeitura do município, se desdobraram em busca de detectar os problemas que afetam o córrego. O desmatamento, queimadas, avanço da fronteira agrícola, a falta de cuidados com o solo, que provoca o surgimento de voçorocas, foram apontados como fatores de risco à vida deste importante córrego genuinamente araguaiense. Com as informações em mãos e um raio-x da situação, a prefeitura do município iniciou uma força-tarefa para salvar o córrego. O passo inicial é conscientizar os proprietários de terras cercados pelo córrego e seus afluentes e convocá-los a cercar a área ao redor das nascentes para que a mata volte a crescer. A ação conta com apoio do Ministério Público. Quem não colaborar corre o risco de ser multado e responder por crime ambiental. “É uma ação inédita que consistiu em fazer um levantamento da situação atual do Córrego Gordura. Será um trabalho contínuo em defesa do meio ambiente. Nossa administração fará o maior programa de recuperação de mata ciliar da história de Alto Araguaia. Prometemos um Córrego Gordura totalmente transformado até o final do nosso mandato. Os proprietários de áreas que margeiam o Gordura serão chamados para serem parceiros neste grande projeto. Quem não cumprir o Termo de Ajustamento de Conduta [TAC] será penalizado nos rigores da lei”, disse o prefeito Maia Neto (PR). A Secretaria de Estado de Meio Ambiente (SEMA) também será comunicada da situação. A prefeitura será parceria no desenvolvimento das ações de recuperação. “O Gordura é de todos. A prefeitura disponibilizará assistência técnica, mudas e o que for necessário. Faremos uma política de parceria”, ressaltou o gestor. [caption id="attachment_29224" align="alignright" width="220"]DSC02441 A principal nascente do Córrego Gordura foi represada para formar um lago[/caption] Por terra, céu e água as constatações As imagens aéreas mostram clarões às margens do córrego. Sem a vegetação, o gado pisoteia as encostas, contribui com a destruição das matas e com a morte do córrego. O cenário observado pelos técnicos da prefeitura é de destruição da natureza em algumas propriedades que cercam o Gordura. A floresta desapareceu. Sem mata ciliar e o aumento do desmatamento, o Córrego Gordura perde em volume de água. A estimativa da equipe da Divisão de Água e Esgoto (DIVAES) é que nível da água reduziu em torno de 50 cm. Se a mata ainda estivesse preservada, é possível que a situação não tivesse se agravado tanto como nos últimos anos. “É bom que se diga que de uns 10 anos para cá os córregos Gordura e Boiadeiro tiveram uma grande perda no volume de água. O que será daqui 30 ou 40 anos? É preocupante. Temos que cuidar. É muito importante. Vamos torcer para que todos colaborem”, ressalta Maury Carneiro, chefe da DIVAES. Maury também fez um chamamento para que a comunidade economize água. “Cada usuário do sistema tem que fazer sua parte economizando água. São de três a três milhões e meio de água bombeados diariamente. É o mesmo que 80 caminhões retirados do córrego todos os dias. Os moradores que forem flagrados varrendo a calçada com água serão multados”, alertou. A situação das nascentes: cenário piora a cada ano O pequeno, estreito e não menos importante córrego é considerado a caixa d´água do município. Fornece 3,5 milhões de litros de água para mais de 15 mil pessoas todos os dias. Para chegar à região onde nasce o Gordura é preciso caminhar em meio à vegetação do cerrado. E para anuviar o horizonte, essa riqueza está ameaçada. A água abundante não jorra com a mesma intensidade como há uma década. Moradores antigos do município revelam que o nível do córrego diminuiu ao longo dos anos. Acostumados com o córrego, João Maria Severo dos Anjos e Jerônimo Medrade, também testemunham que o nível de água diminuiu nas últimas duas décadas. “O córrego está realmente baixo. Está acabando. Para mim é tristeza. Vi esse córrego muito fundo. Agora atravessa em qualquer ponto”, testemunha João Maria. “Está muito diferente. O córrego secou demais. A cada ano que passa se vê a diferença”, completou Medrade. [caption id="attachment_29225" align="alignleft" width="220"]DCIM102GOPRO Grande voçorocas também contribuem com a vida do córrego. Prefeito Maia Neto propôs pacto pelas águas[/caption] Numa das nascentes localizadas numa propriedade na MU-37, não existe nenhum tipo de cuidado para protegê-la. Com sede, o gado invade e pisoteia o olho d’água. Para agravar ainda mais a situação, o proprietário arquitetou uma estrada atravessando a área alagada que forma o córrego. Mesmo assim, a água segue bravamente seu curso. Numa fazenda a 15 quilômetros do centro da cidade na MU-04, está a principal nascente do córrego. A área que já foi um grande alagado encurtou. No lugar ficou uma areia fina e uma vegetação rala. A falta de cuidados com as nascentes faz o Córrego Gordura agonizar. Se todas as nascentes e a vegetação ao longo do córrego estivessem preservadas a situação seria menos grave ou nem estaria em pauta de discussões. “Sem vegetação, a nascente seca. Esse manancial tem que voltar a abrigar árvores para que a floresta contribuía com a produção de água. A sombra das árvores é imprescindível para a nascente”, detalha o ambientalista Nelsoney da Costa Marques. A prefeitura de Alto Araguaia vai tomar medidas para que os produtores que desmataram além do permitido façam a reposição com plantio de mudas e cerquem as nascentes e as margens do córrego para que a floresta volte a crescer. “Quem tem passivo ambiental será notificado para que faça a recuperação de água degradada. Vamos buscar parcerias com os ribeirinhos do córrego Gordura, Boiadeiro e seus afluentes para juntos promovermos essa grande ação de recuperação”, reforça o secretário de Meio Ambiente, Jéfferson Berigo. Informações à imprensa: Marcos Cardial – Assessoria de Imprensa Contato: cardialsouza@gmail.com www.altoaraguaia.mt.gov.br Fotos: Marcos Cardial